Público visita os boxes. Em destaque carro do bicampeão do GP Ribeirão Preto, Átila AbreuA Stock Car, maior competição automobilística do Brasil, teve sua 3ª etapa realizada neste domingo (17) em Ribeirão Preto/SP, cidade considerada a capital nacional do etanol. E é este o combustível que move as super máquinas desde o ano passado.
Uma escolha pioneira mundialmente, e um belo passo para reduzir o impacto do evento. Mas é preciso fazer mais para a categoria ser considerada sustentável. Eles vem tentando.
Primeiros passos
Em 2009, na etapa de Curitiba, a organização da Stock Car promoveu a Corrida Verde, uma disputa a pé incluindo pilotos, fãs e a comunidade local. A proposta não era chegar antes, mas levantar a bandeira da sustentabilidade e da energia renovável.
Paralelamente, esta foi a primeira etapa a ter coleta seletiva e reciclagem de todo o material utilizado, o que se tornou regra para as etapas seguintes.
Etanol
Competições automobilísticas são mundialmente regadas por gasolina de alta octanagem e diesel. Ok, carros de corrida precisam de potência, e os motores da Stock Car tem respeitáveis 520cv, mas a categoria enfrentou o desafio, fez as modificações necessárias e partiu para o etanol.
Desde 2010 a competição usa o biocombustível que pode emitir até 90% menos gases do efeito estufa, tem origem renovável, gera empregos e divisas para o país.
Posto montado no circuito abastece as equipes com etanolNós gostamos do etanol em substituição à gasolina, mas não podemos fechar os olhos para os diversos problemas que essa fonte de energia apresenta, principalmente para a terra e para os trabalhadores. É de se registrar também que a Mini Challenge, competição entre os simpáticos Minis que ocorre junto à Stock Car, permanece com gasolina por serem veículos importados.
“Carro do Mr. Bean” chega a 240Km/h, mas só na gasolinaApesar do ronco dos motores estralhando de tanta compressão e excesso fazer sucesso com o público, esperamos que a categoria consiga partir para elétricos tão rápido quanto a FIA planeja para suas competições.
Neutralização de Carbono
Também desde 2010 a Stock Car neutraliza os Gases do Efeito Estufa (GEE) emitidos pelas provas ao longo do ano através da compra de Créditos de Carbono. O cálculo é realizado pela CM Capital Markets e utiliza padrões internacionais.
Neutralização é um exemplo a ser seguido por todo grande evento público como jogos e shows, porém tem de incluir tudo – mesmo. Da emissão gerada pelos carros das pessoas que se deslocam para o evento aos helicópteros das redes de televisão, isso só para considerar os emissores de gases e não os agentes indiretos.
Público estimado em 44 mil pessoas. É muita gente se deslocando para o eventoNão temos informações do que incluem os cálculos da Stock Car. Esperamos que sejam realmente abrangentes.
Lubrificantes
Carros usam lubrificantes em um milhão de partes, e bólidos de competição não seriam diferentes. O problema é que 1 litro de lubrificante pode contaminar 1 milhão de litros de água, 10 m² de solo ou o ar, se incinerado incorretamente.
É por isso que todo lubrificante retirado do carro tem (por força de lei) que receber destinação correta, leia-se: rerrefino, e na Stock Car eles são, com o trabalho da Lwart Lubrificantes que cuida de todo o processo.
- E aí chefia, vai trocar o óleo? – Só se o velho for para rerrefino.Então, aproveitando a deixa, #fikadica: você precisa se certificar de que o local onde fará a troca de óleo do carro (posto de serviços, mecânica, etc.) dará a destinação correta para o material retirado.
Papel reciclado
Há também o compromisso de que todo material de comunicação da categoria deverá utilizar papel reciclado (resultados, guias, press-kits, etc.).
Bem, nós recebemos a Credencial de Imprensa (feita de plástico, o que até se entende pela necessidade da leitura magnético nas catracas) em um envelope branco (e não reciclado), e também um CD (em caixinha plástica padrão) contendo menos de 40Mb de dados (poderia ter sido facilmente disponibilizado para download).
É melhor darem uma revisada nesta questão.
Sustentabilidade
Pontos levantados, ressalvas feitas, fica o exemplo de que muito pode ser feito para tornar tudo, não só eventos mas cada passo e cada decisão de nosso dia a dia, um pouco menos impactante para o meio ambiente. Há muito o que melhorar, sem dúvidas, e esperamos que esta pequena análise sirva de base.
Na definição do próprio site oficial da Stock Car, sustentabilidade “é ter uma civilização em que a sociedade, os seus membros e as suas economias tenham suas necessidades sanadas e possam, ao mesmo tempo, preservar a biodiversidade e os ecossistemas, de forma eficiente e constante.”
Fácil? Nem um pouco. Essa palavra que cada vez mais se ouve em campanhas publicitárias mora na zona cinzenta entre os extremos “fazer tudo como antes e ignorar os impactos ambientais” e algo como “voltarmos a era da caça e pesca em total harmonia com a natureza”. Um é inaceitável, o outro utópico.
Cabe então a você, a mim e a cada homo sapiens sapiens, aceitar a necessidade de mudanças, buscar a solução e colocá-la em prática.
Fotos: Juan Lourenço – via eco4planet.com
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