O coletivo de arte "Fluxuscetina" de Belo Horizonte, faz intervenções nas ruas da capital, chamando a atenção para a exploração descontrolada de minério em Minas Gerais e para a causa da criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, última área verde ainda intacta do estado, de beleza exuberante e importância única para o Brasil, principalmente no que se refere aos recursos hídricos, pois a área possui centenas de nascentes que são responsáveis por 60% do abastecimento da região metropolitana da capital Belo Horizonte, regarregando importantes rios como o Rio Das Velhas e Rio Doce. Já postamos sobre a Gandarela aqui .
Além desta intervenção em apoio ao movimento pela criação do parque, o grupo de artistas já possuem um histórico de trabalhos com o tema ecologia, como a intervenção de pregar interruptores nas arvores ameaçadas de corte nas cidades e também na própria Serra do Gandarela.
Desta vez, usando amostras de minério, ou melhor, "Cangas", um tipo de rocha que recobre as montanhas de minério de ferro em MInas Gerais, que segundo os cientistas, são de extrema importância para a recarga hídrica com as chuvas e que estão entrando em extinção devido a exploração principalmente de ferro.
De acordo com os pesquisadores, onde está o ferro que as mineradoras tanto cobiçam, está também a água que garante a vida, por causa da Canga.
Fundamentado nisso e na importância de se preservar esta região, mostrando as conseqüências que nós nas cidades sofremos com esta exploração que além da Canga, também desmata equitares e equitares de floresta, para retirar o minério e para a construção de barragens de rejeitos.
A ação fazia parte da programação da Semana Gandarela, o grupo de artistas montou base na praça da Savassi, ao lado do Mac Donald's e da operadora Vivo, onde um deles deitou-se em posição semelhante a um corpo em um homicídio, (que a perícia policial costuma marcar no chão com giz o contorno do corpo onde foi encontrado). Fazendo referência a isso, marcaram o chão na forma do corpo, utilizando os fragmentos de Canga e espalharam os cartazes abaixo:
Durante a intervenção, enquanto um dos integrantes pregava as plaquetas, outro registrava fotograficamente o processo e a reação dos transeuntes. Um terceiro integrante colhia assinaturas e divulgava a causa da Gandarela.
Depois da intervenção com o minério, eles percorreram ruas e avenidas da cidade, fazendo uma segunda intervenção, agora nas árvores cortadas. Saíram pregando nos tocos das árvores, plaquetinhas de identificação de lápides do cemitério, porém o nome dos mortos eram espécies (nome científico) de árvores com sua data de nascimento e de morte, fazendo uma crítica ao corte indiscriminado de árvores na cidade pela Cemig, prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e moradores. Assim, o grupo diz que em sua ação, pretende convidar as pessoas para a reflexão sobre o corte indiscriminado de àrvores, comparando a morte destes gigantes seres vivos, com a morte de um ser humano.
Segundo eles, durante o percurso, alguns achavam estranho ou não entendiam o que estavam fazendo, já outros elogiavam e apoiavam a idéia. Um deles se manifestou: "Ihh, vocês vão ter trabalho se for lá na Av. Cristiano Machado, lá eles cortaram uma fileira inteirinha da Avenida toda…", ao mesmo tempo que falava brincando também tinha o tom sério e triste da notícia. Segundo dados, mais de 2.000 àrvores foram cortadas na capital, que a cada dia se torna mais quente e seca, diferente do que já foi a aproximadamente 20 anos, quando a cidade ainda tinha o título de "Cidade Jardim" e era uma referência nacional no tratamento de Tuberculose e outras doenças respiratórias. Hoje, além de não poder mais ser esta referência, ao invés de tratar males respiratórios, causa estes mesmos nas pessoas que sofrem com essas maléstias, principalmente no inverno, quando a cidade praticamente não chove mais e já não faz mais frio. A situação alarmante tem movido artistas e movimentos sociais populares, a fazerem ações de protesto para chamar a atenção para o clima e degradação do meio ambiente.
Se todos os artistas fizessem isso, talvez a grande maioria das pessoas já teria se conscientizado.
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