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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Brasileira é indicada ao ‘Oscar’ das piores empresas | Carta Capital


Brasileira é indicada ao ‘Oscar’ das piores empresas

Mineradora brasileira está em segundo lugar na corrida pelo prêmio. Companhia japonesa Tepco lidera com 600 mil votos de vantagem
Uma votação popular promovida pelo site Public Eye Award coloca a gigante brasileira Vale entre as piores empresas do Planeta. (veja a enqueteAQUI)
A mineradora recebeu mais de 14 mil votos em uma enquete que irá “premiar” as companhias com os casos mais escandalosos de crimes contra o ser humano e o meio ambiente. A premiação é realizada anualmente, desde 2000, e promovida pelo Greeenpeace suíço. A enquete será encerrada em 27 de janeiro.
A justificativa para a indicação é que a Vale, a segundo maior companhia do Brasil – e a segunda maior mineradora do mundo – possui um histórico de 70 anos de desrespeito aos direitos humanos e práticas precárias de trabalho e destruição do meio ambiente. Os organizadores citam também a participação da companhia na construção da usina de Belo Monte, no Pará – e lembram que o empreendimento irá realocar cerca de 40 mil pessoas da área impactada.
A campanha é um contraponto à realização do Fórum Mundial Econômico, que reúne anualmente as autoridades financeiras dos países mais ricos do mundo em Davos, na Suiça.
Também indicada, a coreana Samsumg figura entre as mais votadas, também com quase 14 mil votos. A companhia é acusada de esconder de seus próprios trabalhadores o uso substâncias proibidas e altamente tóxicas em uma de suas unidades de produção. “O resultado: câncer”, explicam os organizadores do prêmio.
Concorrem ainda ao nada honroso prêmio o banco inglês Barclays, a mineradora norte-americana Freeport McMoRan, a Tepco (maior empresa de energia do Japão) e a Syngenta, uma das maiores empresas do mundo no setor agrícola.
MST x Syngenta
No Brasil, a indicação da multinacional suíça Syngenta foi comemorada por movimentos sociais, sobretudo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Em 2007, um líder camponês, Valmir Mota de Oliveira, o Keno, foi assassinado em meio a protestos e ocupações promovidos na sede da empresa em Santa Tereza do Oeste, no Paraná.
A indicação da Syngenta levou o MST a divulgar uma nota em que lembra o episódio, e repercute as polêmicas envolvendo a empresa. Na época, lembrou o MST, a empresa realizava experiências ilegais com transgênicos e agrotóxicos numa zona de amortecimento do Parque Nacional Iguaçu, o que motivou os protestos – iniciados em março de 2006, quando o terreno foi ocupado.
Uma ação de despejo dos trabalhadores promovida pela Syngenta com a ajuda de homens armados resultou na morte de Keno, em outubro do ano seguinte. Outros trabalhadores rurais ficaram feridos, como é o caso da militante Isabel Cardin, que chegou a perder a visão e tem dificuldades motoras até hoje. A ação foi atribuída à empresa NF Segurança, em conjunto com a Sociedade Rural da Região Oeste (SRO) e o Movimento dos Produtores Rurais (MPR), entidades ligadas aos ruralistas da região.
Após o episódio, o próprio embaixador Suíço Rudolf Bärfuss pediu desculpas à viúva de Keno, Íris Oliveira.
O MST lembrou também que, atualmente, o antigo centro de experimento ilegal da Syngenta, que foi desapropriado pelo governo do estado, é sede do Centro Agroecológico de Experimento de Variedades Crioulas de Sementes sob a direção do Instituto Agronômico do Paraná, IAPAR e a Via Campesina.
A nota do MST leva uma declaração de Fernando Prioste, da Ong Terra de Direitos, que comenta: a indicação da Syngenta como a pior empresa do mundo é justa.
Para ele, ações de violação dos direitos humanos, imposição de pacotes tecnológicos, imposição mercadológica, violações ao meio ambiente e direito à alimentação – em relação aos transgênicos – são práticas que a Syngenta comete não só no Brasil, mas no mundo todo.

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