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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Consumismo, propaganda e sustentabilidade



Usualmente quando se fala em sustentabilidade, a primeira imagem que surge em nossas mentes é a de um ecologista extremamente chato falando sobre a importância de termos banheiros secos ou de sermos vegetarianos para que o planeta seja salvo.

As idéias do desenvolvimento sustentável são tão bonitas, morais e conscientes que provavelmente ninguém terá coragem de levantar sua bandeira contra. Afinal, quem irá no caminho contrário daquele que argumenta sobre a importância do cuidado com o planeta para que as próximas gerações tenham seu "lugar ao sol"?

Por um lado é certo que não temos como construir um planeta onde todos nossos processos são sustentáveis, afinal as leis físicas dizem claramente que a desorganização de um sistema (entropia) tende a aumentar continuamente. No entanto, a conscientização de que o consumismo exacerbado pode levar a uma aceleração do processo de destruição é necessária e útil.

O odiado e ao mesmo tempo aceito/imposto capitalismo tem por principal meio de perpetuação o consumismo desenfreado que nada mais é do que fruto da publicização de um produto. A propaganda tem dois objetivos implícitos: alienar ou conscientizar, meio-termos existem obviamente. A pergunta a ser feita para diferenciar um objetivo de outro é o simples pensar sobre a relevância e necessidade do consumo de um determinado bem.

É simples: o novo celular que acabou de sair no mercado vem com mais tecnologias ou não passa de mais um agregador de tecnologias passadas? A farmácia tem realmente necessidade de vender seus produtos em cestos, tem necessidade de fazer propaganda e dar descontos? Muitos e muitos bens de consumo vem travestidos de novas embalagens e cores para que seja mais vendido, no entanto, o questionamento é: há necessidade de mais vendas?

Observemos o conceito de desenvolvimento. Um país é desenvolvido de acordo com sua capacidade de consumir, em outras palavras uma nação é tratada como superior as outras de acordo com o menor tempo de uso de um produto. A problemática da situação está em, através de propaganda, incutir nos que menos consomem que isso é o conforto e a felicidade mais desejada pela raça humana.

A propaganda como causadora de pensamento crítico é algo tão utópico quanto o conceito de sustentabilidade. Apesar disso, repensar o modo de se consumir e a maneira como se observa uma propaganda são os primeiros passos para a construção da aclamada e famigerada utopia chamada desenvolvimento sustentável.



"Se a sua segurança emocional depende de satisfazer um desejo que você não tinha antes de ler o anúncio, vá em frente." - Calvin

"A minha identidade está tão envolvida pelo que eu compro que eu paguei à companhia para anunciar seus produtos!"
- Quando Calvin diz que queria que a camiseta dele tivesse um logotipo. - Calvin


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Para complementar a idéia do texto e das tirinhas do Calvin, posto dois documentários bem interessantes.

O primeiro chama-se "The Story of Stuff" em português "A História das Coisas", um documentário sobre consumismo, de forma clara e objetiva. Recomendo bastante.



E o segundo tem por título Surplus, infelizmente não encontrei legendado em português, mas as legendas estão em inglês e são bem fáceis de entender. Só postei a primeira parte, mas o assistir de todo o filme é de grande importância. Foi o documentário mais imparcial que já assisti sobre propaganda e sustentabilidade.
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